domingo, 14 de fevereiro de 2010

Escolhas

Alguém chamou-lhe a atenção, levantou-lhe olhos e o fez brilhar
Ela, que absorta numa vida pacata e quieta, sem muito reparar o que havia ao seu redor
Macabea de alma, assim, perambulava pelas ruas,
Olhar no nada, nada importava
Movimentos repetitivos, comportamento habitual, planejado e rotineiro

Até que seus olhos se abriram
Brilharam até clarear
O campo de visão foi iluminado,
Iluminado!

De brilho ele passou a beijo
De beijo passou a ser carinho
De carinho passou ser falta
De falta à saudade
De saudade... humm!!! Que saudade!!!

Ele, Olímpico, de prosa e discursos
Discursos acalourados ao seu eu,
mergulhado em si
ensimesmado

Ela, como uma personagem,
Construída a partir de dores e angústia
diante de um mundo que
não a leva à realização plena
de todos os seus desejos e sonhos.

Ele, por permissão dela
Veio a ser seu universoCada um dos seus pensamentosera o seu desejo, ele era “o desejo”
Era dono do seu tempo e dos seus planos
Respirava à sua imagem

Perdida nas sensações e emoções
A sua razão subjugada pelo coração,
Então, despido de qualquer conciência
Se revela...
os desejos mais guardados,
ou aqueles nunca contados,
por pudor ou por esquecimento

À medida que o tempo passava
Ela se via mergulhada nessa paixão,
Percorrendo sentimentos nunca dantes vividos,

Aproveitando os momentos rápidos
quando não se tinha nada para fazer,
transformando o tempo em prazer, em alegria de viver

Tudo se transformou em um ser sublime,
cativante e livre; suave ser
ser suave,
saber dar e, ao mesmo tempo receber
nem que seja efêmero.
Envolvia-se nessa chama viva de forma tênue e simples
atenta à paixão, ouvindo o próprio coração

bastava estar junto, bastava seu olhar
Era a alegria,
independente do que se fazia ou dizia

Mas juntar tudo isso à eternidade
É outra história
Ideal é apreciar cada momento, sem esperar nada em troca
Por outro lado se não se tem, não se dá...
A chama dispersa e morre
é estranho, é fúnebre, desastroso
Morre e leva-se a vida
daí fica só a lembrança do olhar, do beijo, da aurea que os envolvia...

Então, é preciso viver e demonstrar a alegria
Seja de que forma for
Coração dilacerado, estraçalhado pela falta que se tem
Então é hora
De tratar a si com um carinho especial,
dar sem esperar o que vem,
ouvir sem explicar,
chorar no silêncio do íntimo... e apenas lembrar o que se passou e continuar a
ser bela sem ser perfeita...
ser alegre sem ter sorriso
ter amor sem ser sentido
ser amor sem ter sentido

o que passou começa a ser apenas cenas românticas a alimentar essa memória poética,
então ela ferida de alma
percebe que não há mundo sem chuva,
não ha mundo sem utopia
Nada é mais complexo do que a vida e suas escolhas,
Pergunta-se como e por que procura-se uma coisa ou outra?
Escolhe-se uma coisa a outra?
Enfim, tudo são escolhas.

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